Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura,
a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto — Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
5 comentários:
Por momentos ainda pensei que tinhas sido tu que tinhas escrito! xD
Depois é que tudo fez sentido:
(Álvaro de Campos, in "Poemas" )
Q mau comentário sophie!
Axas q eu n era capaz de escrever uma coisa tão espirituosa???
beijinhos
Por acaso quando li o início também pensei q tivesses sido tu, mas com o desenrolar vi q era um texto um tanto ou quanto complexo...
não dizendo que sejas simples!! (não me entendas mal! xD)
é q Álvaro de Campos é aquela base... =)
cuide-se
"não dizendo que sejas simples!! (não me entendas mal! xD)"
pois... não a entendas mal... cof cof :P
ptt bem andrezinho
muito bem...isto é só cultura!!!deve ser das companhias...lolol!!
beijinhos:)
Bianca
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